terça-feira, 17 de junho de 2014

Esperando

Ontem, num bate papo informal de boteco, ouvi um amigo citar Bukowski.
A temática dos vocábulos declamados naquela mesa - com muita dificuldade por conta do número de Antárticas degustadas - girava em torno da ausência de percepção de que passamos muito mais tempo na vida esperando. Fila de banco, compras pela internet, conclusão da graduação, enfim; esperar tornou-se um verbo que costura muito bem o sentido de uma geração acostumada a sonhar alto, e identificar nas pequenas e grandes realizações individuais, um motivo bacana de compartilhar no facebook. Cotidianamente experenciado, do doownload à maquina de café, empurrar para um estado que não nos  cabe um raio mínimo de influência,  acaba fazendo parte dessa nossa cultura.
Gosto de pensar que estou passando por uma etapa, um processo que irá desembocar em algo ( melhor, óbvio)  lá na frente, teleologicar meu autoexame, no entanto, me incomoda notar que talvez eu esteja usando esse verbo demais.
Esperar, por definição é nutrir expectativas, e como meu amigo ontem me lembrou com o poema do velho sábio, posso estar fadado  a (não) ver a vida passar por ter o hábito de remanejar as responsabilidades dos resultados dela para este estado de espera, como se houvesse sempre algo melhor, em todos âmbitos possíveis, e com isso a caneta que me possibilitaria escrever uma história real transforma-se em uma senha para uma próxima oportunidade .