terça-feira, 22 de julho de 2014

Erros

É mais cômodo lidar com a agonia da imprevisibilidade costumeira quando se opta por uma vida sem roteiros certos e padronizados à  submeter-se ao enfado de uma rotina sem aromas e  nem cores, monótona, desenhada e planejada com pretensões geladas de podar a individualidade.
Dispenso orientações que  apresentam  como lentes  graus que nunca me serviriam, tudo possui muito mais sentido quando toco a realidade com meu próprio paladar, e do meu jeito.
Traumas tratam de tecer os enredos das histórias, de  geração em geração os erros são feitos de bússolas, mas... o que é errar senão sujar a consciência ?
Tenho um compromisso comigo de não sujar a minha, de não trair quem pareço ser, ou o que / quem  eu sou nesse minuto enquanto escrevo, e dói notar que as leis que fundem a realidade com seus aparatos coercitivos parecem inócuas, não fazem sentido.
É um erro dotar de naturalidade realidades absurdas, esconder  cura para lucrar com medicamento, impor padrões de beleza num mundo plural, estimular as pessoas a crescerem na vida onde o crescer  possui uma conotação altamente danosa, para si mesmo e quem está do lado.



quarta-feira, 16 de julho de 2014

Arca

Hoje cedo, vi numa rede social  uma foto que me fez refletir sobre algumas coisas, aliás, metáforas sempre são aparatos metodológicos que funcionam muito bem comigo, na minha tentativa de jogar para fora coisas que nem sempre tem nome ou referências exatas. Tratava-se de um desenho contendo diversos artistas relevantes nesse último século . 

Pode soar um tanto estranho, exótico ou desconexo, mas subitamente pensei em Arca, é... aquela retratada em textos bíblicos, onde... diga-se de passagem,  é maior barato essa coisa de arca, de Dilúvio, né? Sempre pensei nessa história louca, na dificuldade de fazer uma arca tão grande que comportasse tanto animal dentro, enfim, pensei nisso, mas... como essa história se aplica nisso tudo? Qual é a conexão que existe com esta imagem?

Pensei no quanto esta vida é efêmera, olhei para o desenho e vi que nenhum desses caras estão mais aqui, pensei em quantos gênios também tão relevantes quanto estes, seja na música, nas artes plásticas, no teatro, na ciência ..em séculos anteriores sequer estão neste desenho, e muito menos soubemos da história deles, pois são de" arcas" diferentes.

Tecer uma memória que realmente faça jus a como queremos ser lembrados deveria ser lei. A cada arca, temos um bocado de gente, alguns sendo o que querem ser, correndo atrás de desempenharem tarefas que os apetecem, se relacionando com pessoas que escolheriam até no video game, vivendo uma vida que realmente os definem como ser humano, outros não. Nessa leva que está na foto, imagino que sim. Acho que nesse barco da foto, esses realmente se salvaram. Eu particularmente não consigo imaginar um Bob Marley ou Jimi Hendrix lamentando-se por terem feito da música suas lápides. 

Deve ser realmente muito foda estar nas últimas e ter convicção de que a história que contarão sobre você realmente te contempla, te rememora sem espaço para antagonismo. 

Sei lá, não queria fazer um texto com conotação de autoajuda, mas vale a reflexão.